domingo, 5 de junho de 2011

Novos Passos

O futuro tratará de confirmar se esta foi realmente a "Hora H". Vamos acreditar que sim, sem grandes entusiasmos que cautela e caldo de galinha nunca fez mal a ninguém.
Espera-se sobretudo uma nova forma de governar o país. Menos fulestrias e mais substância é no fundo o que todos desejamos e o que o país precisa. De Sócrates fica-nos a visibilidade dos erros, que à falta de outra utilidade devem pelo menos desviar Passos para outros caminhos, outras teorias, outros respeitos.

sábado, 4 de junho de 2011

Vida

Foto JA



"Bem se diz que é necessário tempo para chegar a conhecer as criaturas e que neste tráfego da vida nada é coisa assente."

Sancho Pança a D. Quixote de la Mancha
Cervantes
                                                                                         

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Hora H

Compreendo todas as dúvidas em relação às eleições do próximo domingo menos uma: em quem não votar!
Pela sua natureza, o cargo de primeiro-ministro deveria estar reservado a quem reunisse um conjunto alargado de qualidades e virtudes pessoais óbvias, como a honestidade, a integridade, a capacidade de liderança e de execução e o sentido de estado, entre algumas outras, que, no seu conjunto, limitariam drasticamente o acesso ao cargo a uma meia dúzia de indivíduos. Os tempos são contudo de relativismo e o mais importante cargo da nação, como de resto muitos outros, abre-se em função do exercício partidário, que estabelece critérios bem mais alargados e naturalmente discutíveis. A história recente diz-nos que esse é um mau caminho, mas é o contexto que temos. Em todo o caso, há o mínimo dos mínimos e esses não devemos deixar de exigir a quem ocupa o mais importante cargo da nação, quanto mais não seja pelo decoro que devemos a nós próprios.
Pois Sócrates não cumpriu com os mínimos. Diz e desdiz-se ao sabor das confrontações da comunicação social, pensa e age ao sabor do momento e da estratégia que elenca para sobreviver no poder, sacode a água do capote com uma sobranceria que impressiona, culpabiliza meio mundo pelo desastre nacional e ao fim de seis anos de primeiro-ministro não assume qualquer responsabilidade pelo atoleiro em que está metido o país.
Não, o homem não reúne as mínimas condições para voltar a assumir a liderança governamental. Num país com exigências democráticas levadas a sério, José Sócrates já não era sequer candidato, pois seriam os seus pares os primeiros a reorientar internamente estratégias em função dos princípios que estiveram na base da criação do partido: “uma sociedade mais livre, mais justa, mais solidária, mais pacífica, através do aperfeiçoamento constante e do desenvolvimento harmonioso da democracia”.
Não sendo por aí, a reação aos últimos anos de governação terá que ser dada no próximo domingo. E mais do que gritos geracionais, greves gerais, e outros ais, é nas urnas que a revolta se deve fazer sentir, sob pena de grave incoerência coletiva que, diabo seja surdo, a verificar-se confirmaria um buraco mental nos portugueses de dimensões bem mais preocupantes que o buraco financeiro.

Hoje, 02-06-2011, no Cidade Hoje Jornal

segunda-feira, 30 de maio de 2011

HISTÓRIAS SIMPLES

Se é certo que o avanço científico e tecnológico veio revolucionar o mundo, também é verdadeiro que, ao contrário do que seria de prever, a vida tem vindo a complicar-se gradualmente. Claro que é extremamente confortável escrever estas linhas no teclado de um computador que apaga os erros sem deles deixar rasto, enquanto ainda nos sugere alternativas ortográficas. Ou aproveitar a mesma ferramenta para conhecer o mundo e o que nele se passa!. Não menos real contudo, é que a simplicidade da vida tem vindo a evaporar-se gradualmente. Recebi há dias uma apresentação informática bem demonstrativa disso mesmo. Através dela, recordava-se o tempo, relativamente recente de resto, em que um aluno poderia naturalmente chumbar sem que isso implicasse um passaporte imediato para a psicologia. Em que a malta lá do bairro bebia água do poço sem se preocupar minimamente com o seu grau de pureza, depois de uns sprints de bicicleta sem capacete, joelheiras e afins. Os pais não tinham o mínimo controlo sobre as brincadeiras dos filhos. Dentes, braços e pernas partidas era consequência natural dos excessos e não culpa do piso da estrada, do muro do vizinho ou da tabela do campo de jogos da associação lá da terra. Enquanto isso, o mundo dos adultos prescindia das muralhas que, cada vez mais, envolvem as habitações, das câmaras de vigilância e das sessões de terapia colectiva, que mais não fazem do que compensar a falta de amigos e de relações interpessoais. A vida era bem mais simples, mas, quer-me parecer, bem mais feliz! Depressão era conceito desconhecido. Ansiedade Generalizada, Fobia Social, Transtorno obsessivo-compulsivo, idem aspas aspas. Sim, a média de vida aumentou, vivemos mais anos. Mas isso não significa que a desfrutemos mais do que antigamente ou, pelo menos isso seria de esperar, que estejamos a salvaguardar a possibilidade de as novas gerações o fazerem.
Como afirmou Edgar Morin, sociólogo e pensador francês contemporâneo, “Estamos a perder a promessa do progresso”. Seria naturalmente espectável que os avanços científicos e tecnológicos conduzissem o Homem a um crescente desfrute da vida e da humanidade. Paradoxalmente, quem ganha terreno é o isolamento e as psicoses. Consequentemente, crescem as assimetrias, as tensões sociais e os conflitos.
O mundo está a complicar-se. Já não existem histórias simples.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pelo andar do Caranguejo

Sou daquela geração que sente inegável dificuldade em orgulhar-se da sua portugalidade. Bem nos podem dizer que somos uma das mais velhas nações do mundo, que a nossa língua é falada em cinco continentes, que abrimos novos mundos ao mundo, que fomos os primeiros a abolir a pena de morte, que dividimos o mundo em dois e que descobrimos a via verde, a verdade é que sentiremos sempre muitas reticências em pularmos de contentamento pela nossa lusa condição.
Nascemos com a alvorada de abril e com os ares da anunciada liberdade acreditámos num país desenvolvido e próspero. Entretanto, abriram-nos as portas das universidades, falara-nos em formações e especializações e acenaram-nos como uma Europa rica, solidária e fraterna. Assistimos a tudo. As TV’s coloriram-se, os computadores apareceram, a internet invadiu as nossas vidas, os cd’s deram cabo das K7 e tantas, tantas outras maravilhas. O mundo aproximou-se, literalmente. O que era distante ficou perto, o que era lento ficou rápido, o que era rude ficou estético.
E enquanto durava todo este edílico não fomos capazes de perceber que quem crescia realmente e de forma sustentada era o vizinho do lado, além-fronteiras. Fomos todos na onda do entusiasmo. Cidadãos que se endividaram. Governantes que administraram mal. Políticos que se enredaram no corporativismo. Juízes que não julgaram. Professores que não ensinaram.
Hoje estamos onde estamos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o nosso país está na eminência de registar a maior quebra do poder de compra dos últimos 27 anos. Não, não é culpa da contingência internacional. É culpa nossa e das ilusões que nos cegaram. Em 2012, Portugal arrisca-se a ser o único país no mundo em recessão. É verdade que muitos tiveram a sua crise, enquanto outros a continuam a ter, mas nós andámos nisto há demasiado tempo. O pântano já vem de longe. Sim, há muitos anos que a minha geração tem carreiras congeladas, sonhos desfeitos, promessas adiadas, futuros ameaçados.
Desculpem, mas não, não me entusiasmo!

Amanhã, 19-05-2011, no Cidade Hoje Jornal

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O insano, o fúnebre e os imbecis


O Grito de Munch
  
O homem é um artista. E para além de artista é vesano. Às primeiras palavras que José Sócrates debitou no passado dia 3 de Maio, quando era suposto anunciar o pacote de austeridade sugerido pela dita troika, já o delírio era uma evidência. Não vai acontecer isto, não vai acontecer aquilo, e também não vai acontecer aqueloutro. Do que vai realmente acontecer, e que seria supostamente o motivo do direto e televisivo comunicado ao país, nem uma palavra. Tudo em paz. Tudo tranquilo. Só desafogos portanto. Alívio em cima de alívio. Elucidativo só mesmo o ar de velório do reaparecido ministro Teixeira dos Santos.
No dia seguinte, já sem os devaneios e exaltações do primeiro-ministro a entrar-nos porta dentro, a dura realidade começa a chegar-nos aos poucos: vem aí mais impostos, menos prestações sociais, o gás e a luz vão aumentar, os desempregados vão pagar IRS, os despedimentos vão ser facilitados, etc. etc... De uma maneira ou de outra, ninguém fica de fora e todos vão sofrer ainda mais duramente as consequências da incompetência com que fomos governados nos últimos anos.
Como é que o homem mantém tão altas intenções de voto? Essa é uma parte difícil de explicar. Não porque não saibamos a resposta, que sabemos, mas porque nos é demasiado custoso exprimi-la, confessá-la. E para não ficar eu com o ónus da coisa, socorro-me de Guerra Junqueiro e das suas conhecidas e esclarecedoras palavras escritas no “Pátria”, em 1896, a propósito dos portugueses: 'Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas...'
Amanhã, 12-05-2011, no Cidade Hoje Jornal

quarta-feira, 9 de março de 2011

Inócuos Episódios

Na década de 80 do século passado, o então Presidente da República, Mário Soares, avançou com o programa “Presidência Aberta”, para “auscultação das populações e das forças mais vivas de cada região". A moda pegou e, salvo pequenas variações de nome, é hoje uma tradição na política nacional. Jorge Sampaio, por exemplo, avançou com as “Jornadas da Presidência”, Cavaco, chama-lhe “Roteiros” e Sócrates opta por “Governo Presente”. Se a ideia até poderia ser boa, a forma como é executada transformam-na numa perfeita inutilidade. É que percebe-se com facilidade que não é coisíssima nenhuma a auscultação das populações que está em causa, mas antes o pavoneamento dos governantes à populaça da província que, já se sabe, é todo o Portugal excepto Lisboa.
Veja-se o caso recente do primeiro ministro de Portugal que dedicou um fim de semana à região de Trás-os-Montes, naquela que foi a primeira iniciativa do “Governo Presente” de 2011. José Sócrates e séquito correspondente foram recebidos com as mordomias da praxe, pois a hospitalidade é ponto de honra da lusa gente. Contudo, entre lançamentos de primeiras pedras, visitas a obras e inaugurações, saltou-se de festa em festa, de alegria em alegria, sem que houvesse verdadeira disposição para se ouvir além do som do rancho folclórico local ou das crianças da creche do centro social. Entre tanto ruído festivo, sempre fica por conhecer o som da amargura de quem tem que recorrer a serviços públicos que não funcionam, funcionam mal, ou que pura e simplesmente estão em vias de extinção. Não há espaço para, in loco, se perceber o porquê do tanto desânimo que afecta o nosso povo, quiçá pelo conforto de se manter longe do coração aquilo qua a vista desarmada não permitiria.
Quando confrontado com estes inócuos episódios, sempre me vem à memória o Papa Kiril Lakota que Morris West criou em “As Sandálias do Pescador” e que, num humilde momento de lucidez, despe as vestes papais e pela calada da noite passeia-se incógnito pela cidade, absorvendo a realidade tal como ela de facto era e não como até ele lhe chegava.
 A mensagem vem do século passado - o livro foi publicado em 1963 - mas a sua actualidade deveria estar bem presente na mente de todos aqueles que, por força das circunstâncias, têm responsabilidades na gestão do erário público e que honestamente se interessem pela qualidade de vida das populações. Quanto aos outros, mais valia que não saíssem da capital. Sempre se poupava dinheiro.

Amanhã, 10-03-2011, no Cidade Hoje Jornal

segunda-feira, 7 de março de 2011

Semeador


Vincent Van Gogh - Semeador




Mas todo o Semeador
Semeia contra o presente.
Semeia como vidente
A seara do futuro
Sem saber se o chão é duro
E lhe recebe a Semente.

                   Miguel Torga

sexta-feira, 4 de março de 2011

DEMOCRACIA POR MEDIDA

Guardo na memória uma professora que tive nos meus anos de liceu na disciplina de Saúde. Ironia das ironias, a senhora fumava como uma desalmada e sentia necessidade de confrontar constantemente os alunos com a frase “olha para o que eu digo, não para o que faço”. Nunca concordei com a moral da frase! Mais do que um recurso pedagógico, esta velha máxima parece-me mais reflexo de uma atitude hipócrita de quem é incapaz de dar o exemplo, apesar de saber que, mais do que qualquer outra pessoa, esse era o seu dever.
Apesar de nem sempre ser traduzida de forma tão expressiva, parece-me que muitos dos portugueses vivem sob esta máxima, situação que pode explicar os atropelos constantes à lei por parte da nossa sociedade e as tão conhecidas jogadas de bastidores que, em prejuízo do bem comum, servem interesses individuais ou corporativos. Daqui resulta a fragilidade da nossa democracia, traduzida na escassez de cidadania dos portugueses e no alto descrédito das instituições públicas.
Muitos dos profissionais da política que temos no país são os grandes culpados por este estado de coisas. É que, tal como a professora de Saúde, deveriam ser os primeiros a darem o exemplo. Só que, tantas vezes, são os primeiros sim, mas é na arte de ludibriar, de jogar, de desrespeitar as regras básicas da democracia que tanto apregoam.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Expectativas Enfastiosas


Aconteceu este fim-de-semana em Barcelona uma avalanche de novidades no Mobile World Congress, feira internacional de telemóveis, com o anúncio do lançamento de grandes novidades tecnológicas que vão muito além do simples acto de comunicar telefonicamente e que nos deixam desde já com os olhos em bico. As notícias dão conta de avanços que vão desde ecrãs touch com ícones a três dimensões à possibilidade de captura de imagens a 12 megapixéis.

Também o Jacinto do Eça, suspirava em pleno séc. XIX, pelas últimas novidades da Mecânica e a elas se rendia sem reservas. Uma máquina de abotoar ceroulas era apenas um das muitas maravilhas com que estava equipado o palacete dos Campos Elísios, n.º 202. E no entanto, “pobre Príncipe da Grã-Ventura, tombado para o sofá da inércia…em que lodoso fastio caíra.”

Passadas que foram tantas descobertas, tanta maquinaria nova, tanta tecnologia dada à luz, tanta informática revolucionária, será que nos enfastiamos menos? Ou mais?

Difícil será dizê-lo com todas as letras. Evidente porém é que todos os dias nos são sugeridas novas necessidades e não só passivamente as integramos, como delas nos tornamos facilmente dependentes.

Talvez por isso andemos todos tão meditabundos. Mas, tal como acreditava o amigo do Jacinto, Zé Fernandes, uma existência mais temperada não será assim tão complicada de alcançar. Eventualmente, bastará abrir janelas e não depositar tanta expectativa na parafernália electrónica que nos servem de bandeja como se da melhor coisa do mundo se tratasse.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mulheres

"Sim, meu caro, as mulheres são um eixo sobre o qual tudo gira."
                             Lev Tolstoi – Anna Karenina

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Abutre

Não é fácil conservarmos a noção exacta da realidade. Todos os dias e das mais variadas formas somos injectados com doses maciças de surrealismo que nos dão como adquirido coisas como um Portugal tecnologicamente evoluído, em que até as criancinhas computam; solidariamente forte, em que até aos velhinhos são oferecidos telemóveis para contactos de urgência; e infra-estruturalmente desenvolvido, com pontes que são exemplos de engenharia e TGV aí ao virar da esquina.
A natureza dos acontecimentos quotidianos resiste, contudo, às rasteiras matreiras da retórica e a cada passo, qual lufada de ar fresco, os mais variados episódios deixam-nos com os pés bem assentes no chão. É aí que nos deparámos com Portugal na sua verdadeira dimensão. Um país célere a cobrar impostos aos contribuintes, mas marimbando-se puramente e simplesmente para os problemas e apertos das pessoas concretas, a não ser para aquelas que, tendo tempo, sejam turronas e estejam dispostas a prescindir de boa parte da sua dignidade, pedinchem dias e horas a fio nas intermináveis filas das burocracias nacionais.
Como a dona Augusta Duarte Martinho, pobre coitada, não pôde dar de si para reclamar dignidade e defender os seus pertences, o Estado Social, para quem se calhar descontou toda a vida, pura e simplesmente não quis saber. Morta no chão da cozinha há nove anos, foi preciso entrar em campo o Estado Fiscal que, sem que ninguém o chamasse, esse sim funcionou na perfeição, cobrando-lhe as suas inevitáveis dívidas ao fisco com o leilão da sua habitação, numa imagem perfeita do necrófago abutre.
Num ápice, ficámos a perceber por que é que a página da internet do Ministério das Finanças funciona na perfeição, enquanto a sua congénere do Ministério da Segurança Social é bem mais limitada. Por que é que não existem filas à porta das finanças, enquanto que na segurança social são precisas injecções de paciência para as pessoas serem atendidas. Por que razão numa os prazos não falham, e noutra não existem .
Bem vindos à terra!

Amanhã, 17-02-2011, no Cidade Hoje Jornal

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Quotidiano

"Alguns queixam-se da monotomia, são marcas da adolescência, as pessoas sensatas abominam acontecimentos"


Halldór Laxness - "Gente Independente

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Yann Tiersen - Dust Lane

Yann Tiersen regressa a Portugal em Maio para dois concertos em Lisboa e no Porto, onde apresentará o seu último trabalho "Dust Lane". Depois de dois memoráveis concertos em Famalicão, 2007 e 2009, o autor de "Amélie" não marca desta vez passagem pela Casa das Artes.  Regressemos nós a ele muitas vezes que vale a pena.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sem Contemplações

Há uns anos, quando percorria diariamente o então IP5, que ligava Aveiro a Vilar Formoso, foi instituída a tolerância zero aos automobilistas. A coisa não foi fácil para quem ali andava no quotidiano, mas foi imediatamente constatável um aumento de civismo por parte dos condutores. A até aí conhecida como estrada da morte conheceu nessora uma diminuição acentuada da sinistralidade da via. Fez-se jus ao ditado popular que aconselha grandes remédios para grandes males. A terapia doeu a muita gente – eu próprio levei com duas multas por circular a setenta e poucos quilómetros/hora onde o limite era de sessenta – mas os seus efeitos não se fizeram esperar. Vem o episódio a propósito para lembrar que, alturas há em que o caminho do diálogo e da sensibilização está notoriamente esgotado Quando assim é, resta passar à fase seguinte.
É isso que é preciso fazer urgentemente em Vila Nova de Famalicão no que ao estacionamento irregular e abusivo diz respeito. As pessoas, não todas mas muitas, perderam a vergonha e com o maior descaramento estacionam onde muito bem lhes dá na real gana, complicando sobremaneira o tráfego citadino, enquanto passam às novas gerações uma imagem de absoluto relativismo quanto às mais elementares regras básicas de cidadania.
Entre muitos, o exemplo mais flagrante do que refiro acontece todos os dias e praticamente a todas as horas na Rua Adriano Pinto Basto, entre os cruzamentos com a Rua Camilo Castelo Branco e a Av. 25 de Abril – ali junto ao antigo Régulo. Como se sabe a artéria em questão é de dupla via, possibilitando a utilização do corredor da esquerda para quem deseja seguir em direcção à rotunda Bernardino Machado e o da direita para quem tenciona seguir em frente ou virar para os lados da estação. Tal é contudo apenas teoria, pois na prática apenas a faixa da esquerda escoa o trânsito, enquanto a da direita está praticamente em permanência obstruída por viaturas paradas, cujos proprietários se percebe com facilidade estarem confortavelmente instalados na pastelaria ao lado ou nas lojas comerciais em frente.
Pior que a limitação ao trânsito, ainda é o desaforo com que a coisa é feita. São ares de absoluta naturalidade e pretensiosa superioridade que são dirigidos a quem desespera nas filas do trânsito. São lições de anti-cidadania que as novas gerações sorvem como pesudo-afirmações de superioridade, matéria em que de resto são já mais do que doutores.
Resta pois passar à fase seguinte, até porque sabemos muito bem onde estacionar o carro quando nos dirigimos ao Porto ou a Braga. É pois mais do que tempo de dar por encerrado o caminho do diálogo e da compreensão. A presente e futura qualidade de vida de uma cidade também passa por aqui.

Publicado no Cidade Hoje Jornal em 10-02-2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Do Nome e da Falta Dele


Ter um nome não será tudo, mas que é parte integrante e crucial das nossas vidas, lá isso é! Tanto, que a partir de determinada altura não conseguimos imaginar como é que poderíamos ser identificados de outra forma. Parece que nascemos para ser Agostinho, ou Luísa, ou Simão, ou Ana, ou Manuel, ou Madalena, ou por aí fora. É o que identifica, individualiza e faz perdurar a nossa marca para além da vida. Atribuí-lo é um acto de amor, que personaliza e distingue para sempre.
As instituições são como as pessoas – também precisam de um nome, que as diferencie umas das outras, que afirme a especificidade da sua acção, que as contextualize face ao ambiente geográfico e social em que estão inseridas, que registe os seus passos. Aliás, o próprio nome é um conceito constitutivo e explicativo da sua História, porquanto a sua escolha é sempre reflexo da origem e princípios que a criam.
Estaremos todos de acordo que, apesar dos objectivos similares, o Centro Social da Paróquia de Esmeriz é diferente do Centro Social da Paróquia de Castelões, a Fundação Cupertino de Miranda tem um trabalho e historial totalmente diferentes da Fundação Castro Alves, assim como o Futebol Clube de Famalicão o tem do Grupo Desportivo de Joane e a Escola Camilo Castelo Branco da Escola D. Sancho I, etc..etc…etc... 
Negar um nome que individualize uma pessoa ou instituição é remetê-los para a esfera do anonimato e do indiferenciado. Ninguém merece tal sentença, sobretudo quando a existência de que falamos merece respeito e consideração.
É o caso do Hospital de Vila Nova de Famalicão, cuja origem remonta a 1870 no até então Albergue dos Caminhantes, à Rua Direita, obra e graça da Associação das Filhas de Maria, que, segundo nos conta Vasco César Carvalho (Aspectos de Vila Nova – O Hospital de S. João de Deus), “como anjos da caridade, começaram percorrendo o caminho agro de pedir esmolas, até que abriram o Hospital sob invocação de S. João de Deus”. “Do nada se tornou grandioso pelo rumo esforçante de tantos, pelo auxílio remunerador de mil vontades concorrentes em benefício do bem dos pobres.”, explica-nos o mesmo historiador.
A nobreza da obra, sob invocação do Santo Padroeiro dos Hospitais, Enfermos e Enfermeiros, fica bem patente na deliciosa descrição que Vasco de Carvalho faz sobre os meios com que o Hospital começou a receber doentes: “Três camas, uma insignificância de roupas e de móveis ou por assim dizer nada-de-nada, no fundo aquele começo posto com alma e coração que tantas vezes representa o rasgo para atingir obras de maior alcance social.”
É este legado que o nome da instituição invoca. Ou antes, invocava!
Agora, através das metálicas letras luminosas colocadas na entrada principal do Hospital de Famalicão, sabemos que estamos perante o Centro Hospitalar do Médio Ave E.P.E.
Não sei dizer taxativamente se em termos futuros esta realidade é boa, má, ou apenas indiferente. Mas que no presente é triste, é.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Notícias com Falta de Ar

Um homem de 51 anos desapareceu em Requião sem razão aparente. O episódio está a intrigar família, amigos e vizinhança há cerca de duas semanas, dada a natureza calma e aparentemente pouco aventureira da pessoa em questão. O assunto está a ser acompanhado pelas entidades competentes e já foi alvo de várias buscas em torno da residência do homem. Entretanto, a família já distribuiu vários cartazes em locais públicos com a foto da pessoa a pedir pistas a quem as tiver. É daquelas notícias que, ao contrário de tantas outras, deveria ser merecedora da maior atenção e divulgação da comunicação social local, quer pela actualidade do assunto (desaparecimento de pessoa pacífica, em contexto geográfico calmo e sem razões plausíveis aparentes), quer pela dimensão ética do mesmo, que deveria remeter automaticamente para uma forte divulgação de forma a serem aumentadas as hipóteses de serem encontradas quaisquer pistas sobre o paradeiro da pessoa. E o que fazem os jornais locais? O Povo Famalicense desconhece o problema. O Cidade Hoje idem, aspas, aspas. O Opinião Pública remete-o para uma das suas últimas páginas, sem desenvolvimento e qualquer ilustração. O Jornal de Famalicão também não sabe o que se passa. Assim vai a imprensa deste concelho, à espera que a comunicação social nacional pegue no assunto para depois fazerem manchetes. É jornalismo de quatro paredes e um computador, que não descortina as angústias e inquietudes que vão cá fora, por mais visíveis que elas sejam. Pena é que assim seja e que assim não seja convenientemente cumprida uma das missões maiores do jornalismo: o serviço público.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Interesses em Ascensão


Foto: António Freitas
 A solidariedade deveria ser um ponto de honra entre as instituições públicas que directa ou indirectamente funcionam com base nas escolhas que o povo faz quando vota. Não só pela legitimidade lhes advir da mesma fonte e portanto lhes dever merecer o maior respeito, mas também pela própria saúde do sistema que sustenta o governo do país: a democracia. É que esta, já se sabe, não garante por si só uma sociedade justa, forte e equilibrada. É preciso que os seus maiores executantes, os políticos, ajam no respeito pelos seus princípios e valores.
Não se compreende por isso que o Governador Civil de Braga tenha escolhido as sacristias das igrejas paroquiais para entrega de umas braçadeiras reflectoras de sinalização para peões. É algo de profundamente estranho, que uma entidade que representa o governo da nação no distrito, ignore o primeiro pilar da democracia que são as juntas de freguesia e peça apoio ao Sr. Arcebispo de Braga para a distribuição das ditas braçadeiras através dos párocos da diocese.
Mais estranho ainda é a operação, quando recordámos que é precisamente o governo que nomeou o Sr. Governador Civil que tem como ponto de honra o respeito absoluto pela Lei da Liberdade Religiosa, segundo a qual o Estado Português respeita o princípio da não confessionalidade, não adoptando qualquer religião, nem se pronunciando sobre questões religiosas.
Da teoria à prática vai contudo uma grande distância. Uma coisa são os discursos inflamados de boa vontade e outra, bem diferente, é a realidade. E nessa, as pessoas têm os seus interesses, tantas vezes inconfessados, mas quase sempre conscientemente condicionantes. Por eles se atropelam princípios e se subvertem valores; por eles se fazem vãs as palavras e ocos os discursos; por eles, como amargamente temos sentido, se pode perder um país.

Publicado no Cidade Hoje Jornal em 03-02-2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Felicidade

Foto JA - Parque da Cidade - Porto

"Isto é na verdade a essência da felicidade:
Poder esperar ansioso pela chegada do dia de amanhã."
                                                                                          
                                                                                        Gente Independente - Halldór Laxness

domingo, 30 de janeiro de 2011

Pobres à Força


Interior de pobres, 1921, Lasar Segall

Somos uns grande patos é o que somos! Acreditámos sempre na capacidade de aprendizagem das pessoas e assistimos impávidos e serenos ao desmoronar de um país. Convencemo-nos que as pessoas aprendem com os erros. Qual quê? Lérias e mais lérias.
E quando pensamos que não é possível cavar mais fundo, já o buraco está maior. E não se julgue, a não ser que teimemos em ver a realidade como ela nos é vendida e não como ela é, que é azar, consequência imprevisível, intervenção obscura de ente desconhecido, não, é obra de coveiro de carne e osso a quem ingenuamente e de mão beijada entregámos pá e alvião para a empreitada.
Sob o imenso lodaçal em que meteu o país, acha o governo que a solução para a crise passa por retirar percentagem do salário aos funcionários públicos. Mas não a todos. O sentido democrático que esta gente revela é assustador. Admitem-se excepções ou adaptações como lhe chama o ministro para acalmar a fúria, protegido pela bênção do principal partido da oposição e pelo tradicional voto de silêncio do Presidente da República sobre matéria complicada.
Não bastava a desolação natural pela carreira estagnada à uma série de anos. Não era castigo suficiente a simples evaporação do abono de família, poucos meses após o anúncio do pseudo incentivo à natalidade. Não era perturbador bastante a aplicação de um sistema de avaliação que, ao contrário do que se afirma, não garante, nem de perto nem de longe, a recompensa do mérito e da excelência.  Não era punição razoável a imagem pública negativa que carregam às costas, tantas vezes culpa maior das orientações políticas centrais.
Não! Era preciso ir-lhes directamente ao bolso, tirar-lhes à vista desarmada aquilo que legitimamente conquistaram, como se não fossem dignos daquilo que ganham e ignorando-se os compromissos que as pessoas assumiram de pleno direito.
É o empobrecimento à força que está em curso. Não se percebe como é que isso pode salvar o país, mas alguém acha que sim. Lá estão contudo os antigos para nos actualizarem com a sua sabedoria: “a pobreza nunca em amores fez bom feito”, dizem. Já não tarda muito para ninguém morrer de amores por Portugal.

Publicado no Cidade Hoje Jornal em 09-12-2010

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A Vez das Escolas

As escolas de ensino privadas estão tramadas. E nós que precisámos delas, mais estamos ainda. Depois do assalto directo ao bolso das pessoas, o governo do país, qual profissional da extorsão, escolheu como alvo o ensino privado com contrato de associação, reduzindo substancialmente as verbas estatais atribuídas em função do número de turmas, o que coloca naturalmente em questão os serviços educativos até agora proporcionados.
Falamos de instituições que desempenham um papel essencial, dado complementarem a rede de oferta educativa pública existente, fazendo-o por norma com qualidade e distinção, como o demonstram as sucessivas avaliações que o ministério da tutela anualmente faz às escolas e que publicamente apresenta.
Para se perceber bem a dimensão do problema, imagine-se o que significaria encaixar os largos milhares de alunos que frequentam as escolas privadas que recebem alunos do concelho (Didáxis de Vale S. Cosme e Riba de Ave, Externato Delfim Ferreira, Instituto Nun’ Alvares e Alfacoop de Ruilhe) nas escolas públicas existentes. Julgo não serem necessárias grandes metáforas para se perceber a confusão que dai resultaria, com graves prejuízos para a qualidade de ensino proporcionada quer numas, quer noutras escolas.
Seria nestas alturas que esperaríamos que os deputados que nos representam distritalmente na Assembleia da República tomassem posição, particularmente aqueles que se encontram numa posição privilegiada para o fazer, como é o caso dos deputados eleitos pelo mesmo partido do governo. Não só porque fazem parte da assembleia representativa do povo português, a quem cabe, entre outras responsabilidades, fiscalizar e questionar a acção governamental, mas também porque, sendo da mesma cor política da administração central, estão naturalmente numa posição favorecida para serem ouvidos e mais ainda para serem atendidos.
O problema é que no jogo político-partidário moderno, a esmagadora maioria dos deputados que com pompa, circunstância e emproado anúncio público nos visitam, não passam de verbos de encher na Assembleia da República. Estão lá, mas pouco mais representam do que um mero número de um conjunto. Entram mudos, saem calados e pelo meio ratificam obrigatoriamente com os seus votos as opções de quem governa, concordem ou não com elas.
Entretanto, porque precisam de continuar a iludir o povo para que este lhes assegure a permanência na capital, vêem cá cima dar uma de ares de preocupação, anunciando com seriedade o pedido de uma reunião com a ministra do sector, que, a acontecer, decorrerá confortavelmente resguardada pelas quatro paredes dos gabinetes.
Para a Assembleia da República, que deveria ser o local próprio e privilegiado para o problema ser colocado e debatido com profundidade e seriedade, reserva-se o silêncio da cumplicidade.
São estes jogos de cintura que explicam muito do alheamento crescente dos cidadãos para com a política nacional, de resto bem expressa na percentagem de abstenção das eleições presidenciais do passado domingo.

Publicado no Cidade Hoje Jornal em 27-01-2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De Cara Lavada


Foto António Freitas

Está mais bonita a cidade após o fecho da quadra natalícia. Esta é tão só a minha opinião, mas sendo minha, compreenderão que, pelo menos para mim, tenha algum valor. E depois, que se saiba, gostos são subjectivos.
Gosto de Famalicão, de percorrer as suas ruas ao cair da noite imediatamente após o fecho da jornada laboral diária, fazendo coincidir a desaceleração própria da cidade em final de dia, com a abrandamento interior que eu próprio procuro para mais tranquilamente transpor a fronteira do mundo profissional para o mundo familiar. Torna-se no entanto muito difícil a experiência durante a quadra natalícia. Aquele som de rua, entre publicidade com referências ao pão-de-ló de Ovar e a enésima passagem da música do Grupo de Santo Amaro de Oeiras, para mim são todas do St.º Amaro de Oeiras, aquelas passadeiras vermelhas meladas de tanta humidade e as luzes que milhares de leds debitam para a noite citadina, transformam a cidade naquilo que ela não é. É demasiado ruído. Faz lembrar aquelas mulheres que exageram na maquilhagem, coisa que inevitavelmente capta a nossa atenção mas não a nossa admiração. Bem pelo contrário, soa-nos a falso a profusão de cor e de brilho.
Compreendo naturalmente a aposta nas animações natalícias - é preciso garantir que as pessoas sintam o espírito da quadra na nossa cidade, pois caso contrário, já se sabe, vão pregar a outra freguesia. Não me obriguem é a gostar da atmosfera!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Insanidades à moda da Segurança Social

Desafio qualquer cidadão profissionalmente activo a passar pela experiência de entregar um documento nas principais dependências da Segurança Social do Norte do país (Porto, Braga e Vila Nova de Famalicão, pelo menos) e a sair dela com a tensão arterial, já não digo normal, mas em valores minimamente aceitáveis. Pura e simplesmente não é possível fazê-lo sem recurso a elevada carga de sedativos.
Em Famalicão por exemplo, a entrega de um simples documento, contra-entrega do respectivo recibo, pode significar três horas de espera, para um atendimento que dura minutos. Aconteceu-me a mim na semana passada, como já me tinha acontecido das últimas vezes que precisei de recorrer àquele serviço público e como já terá sucedido a um sem número de pessoas. No Porto, o panorama parece ainda pior. Garante-me quem já passou pelo calvário, que as pessoas fazem fila ainda de madrugada para tirarem a senha para o atendimento, enquanto que os utentes que a lei define como prioritários são carinhosamente informados que entre as 12h e as 14h a norma não é exercida por falta de funcionários. Em Braga, diz também quem já sentiu na pele, o filme tem o mesmo genérico.
Dando de barato que os funcionários são escassos para a quantidade de solicitações, parece também óbvio que a organização tanto do serviço como dos próprios espaços, deixam muito a desejar e contribuem decisivamente para a gravidade da situação. Veja-se novamente caso de Vila Nova de Famalicão, sede de concelho com mais de 130 mil habitantes, onde a área de espera é notoriamente reduzida, obrigando as pessoas a amontoarem-se na proximidade do ecrã que controla o número de atendimento e que, por incrível que pareça, está virado para a parede. O ar é pesado. A circulação de pessoas é um desafio. As cadeiras que eventualmente ajudariam a uma espera menos desgastante contam-se pelos dedos. O atendimento não é, como sensatamente se exigia, distribuído em função da complexidade dos assuntos. Mas alguém encaixa que demore três horas a entregar um papel?
Aqui está matéria que deveria merecer a preocupação séria do governo e, por maioria de razões, dos seus representantes nas respectivas sedes de distrito, os palacianos srs. governadores civis. Mas não. Corta-se a eito nos funcionários públicos, queima-se o tempo em cerimónias com belas oratórias de defesa do estado social, acenam-se com umas sopas aos pobres e telemóveis aos velhos, e fica por fazer o essencial: agir em casa própria, garantindo não só as respostas sociais eficientes que se exigem, mas também a sanidade mental das pessoas.
E era tão simples fazê-lo, “desde que as entidades responsáveis percebam que, por vezes, os grandes problemas se resolvem com meios técnicos e humanos competentes, que nos estão próximos e disponíveis”. Palavra do governador civil de Braga, nomeado para o cargo pelo governo da nação que, convém relembrar, tutela os serviços locais da segurança social.
José Agostinho Pereira