segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Do Nome e da Falta Dele


Ter um nome não será tudo, mas que é parte integrante e crucial das nossas vidas, lá isso é! Tanto, que a partir de determinada altura não conseguimos imaginar como é que poderíamos ser identificados de outra forma. Parece que nascemos para ser Agostinho, ou Luísa, ou Simão, ou Ana, ou Manuel, ou Madalena, ou por aí fora. É o que identifica, individualiza e faz perdurar a nossa marca para além da vida. Atribuí-lo é um acto de amor, que personaliza e distingue para sempre.
As instituições são como as pessoas – também precisam de um nome, que as diferencie umas das outras, que afirme a especificidade da sua acção, que as contextualize face ao ambiente geográfico e social em que estão inseridas, que registe os seus passos. Aliás, o próprio nome é um conceito constitutivo e explicativo da sua História, porquanto a sua escolha é sempre reflexo da origem e princípios que a criam.
Estaremos todos de acordo que, apesar dos objectivos similares, o Centro Social da Paróquia de Esmeriz é diferente do Centro Social da Paróquia de Castelões, a Fundação Cupertino de Miranda tem um trabalho e historial totalmente diferentes da Fundação Castro Alves, assim como o Futebol Clube de Famalicão o tem do Grupo Desportivo de Joane e a Escola Camilo Castelo Branco da Escola D. Sancho I, etc..etc…etc... 
Negar um nome que individualize uma pessoa ou instituição é remetê-los para a esfera do anonimato e do indiferenciado. Ninguém merece tal sentença, sobretudo quando a existência de que falamos merece respeito e consideração.
É o caso do Hospital de Vila Nova de Famalicão, cuja origem remonta a 1870 no até então Albergue dos Caminhantes, à Rua Direita, obra e graça da Associação das Filhas de Maria, que, segundo nos conta Vasco César Carvalho (Aspectos de Vila Nova – O Hospital de S. João de Deus), “como anjos da caridade, começaram percorrendo o caminho agro de pedir esmolas, até que abriram o Hospital sob invocação de S. João de Deus”. “Do nada se tornou grandioso pelo rumo esforçante de tantos, pelo auxílio remunerador de mil vontades concorrentes em benefício do bem dos pobres.”, explica-nos o mesmo historiador.
A nobreza da obra, sob invocação do Santo Padroeiro dos Hospitais, Enfermos e Enfermeiros, fica bem patente na deliciosa descrição que Vasco de Carvalho faz sobre os meios com que o Hospital começou a receber doentes: “Três camas, uma insignificância de roupas e de móveis ou por assim dizer nada-de-nada, no fundo aquele começo posto com alma e coração que tantas vezes representa o rasgo para atingir obras de maior alcance social.”
É este legado que o nome da instituição invoca. Ou antes, invocava!
Agora, através das metálicas letras luminosas colocadas na entrada principal do Hospital de Famalicão, sabemos que estamos perante o Centro Hospitalar do Médio Ave E.P.E.
Não sei dizer taxativamente se em termos futuros esta realidade é boa, má, ou apenas indiferente. Mas que no presente é triste, é.

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